quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A virtualização das relações humanas

Dias atrás conversava com um amigo sobre uma questão que é, ao meu ver, delicada, contraditória e muito discutida: As mudanças na tecnologia e as formas de interação e comunicação que a web nos proporciona estão, de fato, distanciando ou aproximando as pessoas?

Comecemos pensando naquela pessoa que está morando do outro lado do mundo, com certeza a internet nos aproxima dela. Ou até mesmo aqueles que moram não tão longe assim, mas em outro estado, ou até cidade. A internet facilita, aproxima, nos permite comunicação instantânea e, inclusive, pode nos proporcionar uma experiência de aproximação quase que real, humana. Podemos ver, ouvir, falar com o indivíduo.

Mas pensemos também no nosso amigo, familiar, ou seja lá quem for, aquele que não mora tão longe assim, mas deixamos de visitar ou telefonar, por que freqüentemente conversamos com ele através de bate-papos, redes sociais e afins. Ou nem mesmo conversamos, mas sabemos que está lá, pra hora que precisarmos. Neste caso, as novas mídias podem acabar afastando-nos.

Enfim, sobre isso, posso concluir que a internet tem a capacidade tanto de aproximar, quanto de afastar pessoas. Tudo depende da forma como a utilizamos. E o quanto nos privamos das relações e contatos reais, para substitui-los por experiências digitais.

Mas quero chegar em outro ponto. E lá vai ele:

Seguindo o raciocínio de que somos todos de uma geração em que o contato e as relações interpessoais são feitas de modo real. Estamos com saudade, procuramos a pessoa. Queremos conversar, contar uma novidade, aconselhar, simplesmente dizer o quanto gostamos de alguém, vamos até a casa dessa pessoa, ou marcamos um encontro, e o fazemos.

Surge a internet, as redes sociais e todas as formas de comunicação e interação que temos hoje. Nos adaptamos a tudo isso, aprendemos e agradecemos. Afinal, com essa rotina tão corrida e “sem tempo para nada” que cada vez mais faz parte de nossas vidas, essas novidades só facilitam as coisas.

Ainda sabemos (em nossa maioria), que as relações virtuais têm limites. Sabemos da importância do abraço, do contato físico, da proximidade real com as pessoas. Portanto usamos a internet apenas pra estreitar laços e aproximar quem realmente está longe, fisicamente.

Mas e a nova geração? E aqueles que estão crescendo (e ainda crescerão), em meio a todas essas tecnologias e mundo virtual? Me preocupa um pouco a forma como as pessoas, principalmente os jovens, estão trocando as experiências reais pelas virtuais. Crianças que trocam as brincadeiras com os amigos ou a festinha com os colegas, pelo computador e internet.

Então, juntamos isso tudo à outras questões, como a violência, o medo (principalmente dos pais) de sair nas ruas, o bullying, os problemas sociais, que antes eram tratados e contornados de outras maneiras, e hoje podem ser simplesmente escondidos atrás de uma tela e um teclado.

Portanto, acredito na fundamental atenção que devemos dar à nova geração de usuários da internet, nos cuidados que devemos tomar e na educação que reservamos à esses “internautazinhos”.


Temos nas mãos uma extraordinária ferramenta que ainda está se moldando, se transformando. Bem como nós ainda estamos nos moldando a ela, nos adequando. E quanto àqueles que chegam e ainda chegarão em meio a toda essa tecnologia, nosso cuidado e auxílio para que o mundo real não seja trocado por inteiro pelo mundo virtual.

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